domingo, janeiro 07, 2007

MNE dispensa trabalhadores que fizeram queixa crime




O Ministério dos Negócios dos Estrangeiros (MNE) dispensou cinco dos 14 trabalhadores contratados do Consulado Geral de Portugal em Londres, que em Setembro apresentaram uma queixa-crime contra o ministério por fraude e abuso contra a Segurança Social.

Em causa está a falta da contribuição e a retenção de impostos por parte do MNE, fraude que alegadamente o ministério pratica desde 1999.

Os trabalhadores prometem agora apresentar uma acção judicial no Tribunal do Trabalho, depois de um despacho do secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, António Braga, que cessa os “contratos de trabalho a termo resolutivo” com cinco dos seus contratados.

“São cinco pessoas que sempre deram a cara neste processo”, defende Paulo Coimbra, um dos trabalhadores dispensados. As ilegalidades são muitas, diz Paulo Coimbra, incluindo o próprio despacho. “Por lei, umcontrato a termo resolutivo não pode ser renovado, mas um dos colegas dispensados já ia no oitavo contrato”, alega.

Agora, os trabalhadores dispensados vão apresentar uma acção judicial em Portugal, estando convictos de que a decisão lhes será favorável “num sistema legal que funcione correctamente”, salienta. Depois da queixa-crime, o MNE começou a pagar a Segurança Social, retirando no entanto essa verba do salário líquido dos trabalhadores. “Recebíamos menos 140 euros por mês”, diz.
DN, 4.01.2007
.
CLIQUE AQUI PARA REGRESSAR AO BLOG DE OCO( )RÊNCIAS
.

Lusa/Governo não renova cinco contratos por "opção política"

A Comissão Ad-Hoc dos Trabalhadores Contratados do Consulado de Portugal em Londres acusou hoje o secretário de Estado das Comunidades de não renovar o contrato com cinco funcionários daquele posto com base em "opções políticas".

Num comunicado, aquela comissão afirma que "por despacho do secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, António Braga, cinco trabalhadores contratados a termo certo no Consulado Geral de Portugal em Londres foram despedidos".

Em declarações à Agência Lusa, Rui Coutinho, da Comissão Ad-Hoc, acusou António Braga de ter "feito uma opção política de discriminação relativamente àqueles que falaram mais alto na defesa dos seus direitos".

Em causa estão protestos que os trabalhadores realizaram contra a falta de descontos para a segurança social, de retenção de impostos, de acreditação diplomática e a desigualdade salarial, que culminaram na apresentação de uma queixa-crime contra o Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE).

"O secretário de Estado não sabe viver num quadro democrático. Quem ousar defender os seus direitos e questionar as suas decisões corre o risco de ser despedido", afirmou o responsável.

Contactada pela agência Lusa, fonte da Secretária de Estado das Comunidades afirmou que "não há razão nenhuma" de ordem política para a não nrenovações daqueles contratos.

"Os contratos acabaram e foi decidido não os renovar", acrescentou.

Para a Comissão Ad-Hoc, "este despedimento colectivo surge em sequência da contestação laboral".

Sublinhando que o despacho de António Braga "não dá uma única explicação para a não renovação dos contratos", Rui Coutinho garantiu que "nunca ninguém pôs em causa o trabalho desses funcionários".

"Somos pessoas qualificadas, profissionais e com conhecimento do posto", acrescentou o responsável, que integra a lista dos cinco cujos contratos não foram renovados.

Entre esse grupo estão pessoas que trabalham no Consulado de Portugal em Londres desde 2002, disse ainda.

De acordo com Rui Coutinho, dos 19 trabalhadores com contrato a termo certo existentes naquele posto consular no início do segundo semestre de 2006, apenas dez permanecem actualmente em funções.

Sobre a queixa-crime por fraude e abuso de confiança contra a Segurança Social que 14 dos 19 funcionários apresentaram em Setembro no Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP), o responsável disse estar confiante de que o "secretário de Estado não vai passar ao lado dessa situação"."

Rui Coutinho disse ainda que os trabalhadores contratados a termo certo estão ponderar apresentar uma acção judicial no Tribunal do Trabalho, a pedir a condenação do Estado português.

De acordo com o responsável, o Estado português tem em todo o mundo 230 funcionários contratados a termo certo, o que representa 10 por cento da mão-de-obra dos serviços externos do MNE.
Lusa, 03.01.2007
.
CLIQUE AQUI PARA REGRESSAR AO BLOG DE OCO( )RÊNCIAS
.

terça-feira, janeiro 02, 2007

RESUMO DO CONFLITO

MNE ALVO DE QUEIXA-CRIME
.
DESPEDIMENTO COLECTIVO POR DESPACHO DO SECRETÁRIO DE ESTADO DAS COMUNIDADES PORTUGUESAS, DR. ANTÓNIO BRAGA.

Sem segurança social, sem recibo de vencimento, sem retenção de impostos, sem a declaração anual de rendimentos, sem salário igual aos restantes trabalhadores que fazem igual trabalho, sem acreditação diplomática e, suprindo necessidades permanentes de trabalho do posto consular, com sucessivos contratos a termo certo, permaneciam, no início do segundo semestre deste ano, dezanove (19) trabalhadores dos cerca de trinta (30) ao serviço no Consulado Geral de Portugal em Londres.

De entre as várias irregularidades acima enunciadas, a questão da Segurança Social é particularmente grave por, no nosso entendimento, configurar fraude. Esta é a leitura que fazemos das seguintes normas jurídicas: - Decreto-Lei nº 20-A/90, de 15 de Janeiro; - Decreto-Lei nº 140/95, de 14 de Junho; - Lei nº 15/2001, de 5 de Junho.

Destes problemas e ilegalidades, tem o Sr. Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas (SECP) recebido denúncia formal, pelo menos, desde 8 de Junho de 2005. Há um ano e meio.

Para além desta situação específica dos contratados a termo certo, chama-se, também, a atenção para um grave problema que afecta igualmente outros 600 trabalhadores do quadro do MNE: o desrespeito pela obrigatoriedade de retenção mensal de IRS.

Em Londres, os trabalhadores contratados, na sua quase totalidade com formação média ou superior, colocados na mais baixa categoria profissional da carreira técnica (Assistentes Administrativos – 1º Escalão), custam mensalmente ao erário público menos 40% do que custam os seus colegas da mesma categoria, que fazem exactamente o mesmo trabalho, mas possuem vínculo permanente.

Esta situação por não ser legal nem justa, não é aceitável.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros impõe no Consulado Geral de Portugal em Londres condições de trabalho que desrespeitam clara e gravemente a lei. Humilhando os trabalhadores e não cuidando das condições que permitam, com um mínimo de qualidade e em tempo próprio, servir os 500 mil portugueses que o anterior Ministro dos Negócios Estrangeiros disse ao jornal Público residirem no Reino Unido.

O Sr. SECP não cumpriu o compromisso, registado em acta, assumido na reunião que realizou a 18 de Abril de 2006 com representantes destes trabalhadores. Por cumprir ficou a promessa de lhes enviar, para consulta, até Junho/Julho de 2006, uma proposta de resolução para os gravíssimos problemas que os afectam.

Chama-se a atenção para o facto dos 19 trabalhadores do Consulado Geral de Portugal em Londres integrarem um universo mais alargado de, pelo menos, 200 trabalhadores que o MNE mantém ao seu serviço com contratos a termo certo. Também aos trabalhadores que, fazendo parte destes 200, se encontram numa situação idêntica, o Sr. SECP se comprometeu a enviar a proposta de resolução acima referida. Também com estes, incumpriu.

Neste contexto, aos trabalhadores contratados a termo certo, restaram poucas soluções.

No dia 2 de Agosto último, alguns dos trabalhadores usaram, durante o horário de trabalho, uma t-shirt denunciando o não pagamento da segurança social e a existência de salário diferente para trabalho igual. Nestas camisolas dava-se, também, nota de um despacho concordante do Sr. SECP.

Em resultado, os trabalhadores foram confrontados com um inquérito que visava averiguar quem usou as ditas t-shirts esquecendo completamente a denúncia que nelas constava. A ameaça de processo disciplinar continuava, até este despedimento colectivo surgir, a pairar.

Contudo, com grande sacrifício financeiro e superando ameaças veladas de despedimento, cerca de 70% dos trabalhadores contratados realizaram uma greve que se estendeu de 9 a 16 de Agosto.

Quando a referida greve foi suspensa, afirmou-se que outras medidas de defesa da legalidade, de direitos elementares e de protesto seriam, a seu tempo, anunciadas.

Assim, três representantes da Comissão Ad Hoc de Trabalhadores Contratados do Consulado Geral de Portugal em Londres viajaram até Lisboa e apresentaram, a 25 de Setembro passado, no Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP), queixa-crime contra o MNE por Fraude e por Abuso de Confiança contra a Segurança Social.

Nesta queixa, para além do MNE, responsabilizam-se concretamente o Sr. Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas (SECP), Dr. António Braga, e o Sr. Director da Direcção-Geral da Administração (DGA), Dr. Renato Marques.

Em sequência, o MNE, interpelado pelos media, decidiu, numa manobra de desinformação, divulgar que os trabalhadores teriam sido “compulsivamente inscritos no sistema de segurança social britânico”.

Como se a obrigação da entidade patronal de inscrever os trabalhadores dependentes num sistema de segurança social pudesse ser “compulsivamente” transferida para esses mesmos trabalhadores.

Como se a questão fosse a responsabilidade da inscrição e não o crime da não assumpção da responsabilidade com a segurança social.

Apesar dos contratos de trabalho e do Estatuto do Pessoal do Serviço Externo do MNE estatuírem que os trabalhadores têm o direito de optar entre os dois sistemas (britânico e português).

Como se um país democrático se impressionasse com a força autoritária e sem autoridade de um discurso desinformado.

Contudo, desta feita e desta vez, o Sr. SECP cumpriu a sua promessa: a 22 de Outubro passado os trabalhadores foram confrontados com a inscrição na Segurança Social britânica e com uma redução de cerca de 140 euros no salário.

Contudo, a entidade empregadora continua, até hoje, a não pagar a parte que lhe compete como encargo da entidade patronal para a segurança social.

Em resultado, desde que o Sr. SECP, em Julho passado, decidiu desrespeitar a sua própria palavra não cumprindo a sua promessa de 18 de Abril, a situação no Consulado Geral de Portugal em Londres degradou-se profundamente.

O Cônsul Geral, em funções até Setembro passado, pediu transferência.

Cinco dos trabalhadores contratados a termo certo apresentaram a sua demissão.
.
Cinco dos trabalhadores associados à contestação das políticas laborais do MNE, por despacho do Sr. Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, Dr. António Braga, foram agora despedidos. Sem explicações, sem mais.

Em consequência, em resultado das demissões e do despedimento colectivo, o Consulado Geral de Portugal em Londres, neste semestre, perdeu 1/3 dos seus trabalhadores.

Os pedidos de atendimento, dirigidos ao Consulado e à espera de satisfação, atingiram proporções deveras preocupantes.

Os trabalhadores contratados a termo certo aguardam, agora, que o Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP), se pronuncie acerca da queixa-crime apresentada contra o MNE por Fraude e por Abuso de Confiança contra a Segurança Social.

Os trabalhadores contratados a termo certo, a muito curto prazo, farão entrar no competente Tribunal de Trabalho a acção judicial que toda esta situação torna obrigatória.
.
.