Trabalhadores avançam com greve em Londres
Os trabalhadores do consulado de Portugal em Londres realizaram, sexta-feira, um escrutínio para determinar a realização de uma greve que acabou por ser confirmada.
De um universo de trinta trabalhadores, 16 aderiram ao processo eleitoral e 14 votaram favoravelmente à realização da greve.
Rui Coutinho, um dos membros da comissão ad hoc de trabalhadores, do consulado português, adiantou ao DIÁRIO que tudo decorreu dentro da normalidade e, mais importante, a comissão conseguiu validar o processo de greve.
"Lamentamos que isso vá prejudicar a comunidade portuguesa, sobretudo porque este é um período de grande afluxo ao consulado. No entanto, não nos restam alternativas", afirmou.
Os trabalhadores debatem-se por ver legalizada a sua situação laboral pois, tal como o DIÁRIO fez alusão recentemente, o Estado português não faz os descontos para a segurança social, nem de IRS, e renova contratos de trabalho, a termo certo, durante anos, sem que os profissionais sejam colocados no quadro.
A comissão ad hoc de trabalhadores, constituída por catorze elementos, acredita mesmo que terá de ser o "cavalo de batalha" nesta situação, pois existem cerca de 600 trabalhadores em consulados portugueses, espalhados pelo mundo, que estão na mesma situação.
Na próxima segunda-feira, os trabalhadores vão entregar, tal como a lei preconiza, um pré-aviso de greve. Esta deverá realizar-se nos dias 28 e 30 de Março, 4, 5, 6, 11, 12 e 13 de Abril próximo.
É ponto assente, e sobejamente divulgado, que o consulado de Portugal em Londres tem falta de funcionários, para atender uma comunidade tão expressiva. Como tal, é de prever que, durante o período de greve, reinará o caos no consulado. Os cidadãos portugueses serão os principais prejudicados, visto que precisam de resolver assuntos tão importantes, e corriqueiros, como a renovação de passaportes, bilhetes de identidade e certidões.
Rui Coutinho acredita que, a partir de agora, os problemas dos trabalhadores ganharão outra visibilidade, até que as autoridades competentes resolvam agir e contornar a situação.
Quanto aos trabalhadores que não participaram no acto eleitoral, a comissão ad hoc acredita que isto se deve ao facto de serem funcionários do quadro, e, portanto, não viverem a instabilidade laboral dos restantes colegas.
Rubina Vieira, Correspondente em Londres
Diário de Notícias da Madeira, edição de 20 de Março de 2006
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